Mesmo
após o #EleNão, o crescimento de Bolsonaro foi maior entre as mulheres
do que entre os homens: seis pontos percentuais em cinco dias, segundo o
Ibope (contra três pontos no eleitorado masculino). Embora a diferença
esteja diminuindo, ainda há um fosso de gênero entre os bolsonaristas: o
capitão reformado tem 39% entre homens e 24% entre mulheres. No
eleitorado total, Bolsonaro chegou a 38% dos votos válidos. A seis dias
do primeiro turno, está a “um Ciro” de ser eleito presidente (o
candidato do PDT tem 13% dos válidos).
A
pesquisa do Ibope começou no sábado, dia em que as manifestações do
#EleNão levaram centenas de milhares de mulheres às ruas de dezenas de
cidades de todas as regiões do Brasil para protestar contra a misoginia
do candidato do PSL, e continuou no domingo. A despeito do crescimento
de Bolsonaro no eleitorado feminino, 51% das eleitoras dizem que não
votariam nele de jeito nenhum.
Uma
hipótese para explicar a falta de impacto eleitoral do movimento #EleNão
é que apenas as mulheres que já eram contra Bolsonaro participaram e
ficaram sabendo dos atos. As manifestações não tiveram cobertura ao vivo
das emissoras de tevê aberta e receberam pouca cobertura nos
telejornais. No Jornal Nacional, por exemplo, foram quatro minutos,
contra onze dedicados à alta hospitalar de Bolsonaro e a entrevista de
sua ex-mulher negando tudo o que havia acusado o ex-marido de ter feito e
que ficou registrado no processo de separação de ambos.
Outra
razão para o crescimento de Bolsonaro é o aumento explosivo da rejeição
de Fernando Haddad, do PT, que chegou a 38%. É um reflexo da campanha
negativa feita pelos adversários no horário eleitoral gratuito e dos
ataques que o petista sofreu nos dois últimos debates entre candidatos a
presidente. À medida que mais eleitores o identificam ao PT, Haddad é
mais rejeitado. Isso também estancou o crescimento do petista, que
oscilou de 26% para 25% dos votos válidos (ele tem 21% nos votos
totais).
Os
ataques a Haddad e ao PT tendem a se intensificar na reta final do
primeiro turno. A pesquisa do Ibope não registrou eventuais efeitos
eleitorais, por exemplo, da delação premiada do ex-ministro da Fazenda
Antonio Palocci, tornada pública nesta segunda-feira pelo juiz Sergio
Moro.
O
crescimento em soluços de Bolsonaro (cresce e para, cresce e para) e a
interrupção do crescimento de Haddad aumentam a possibilidade de vitória
do candidato do PSL no primeiro turno – embora essa probabilidade ainda
seja pequena. Para que isso ocorresse, seria necessário, por exemplo,
que Ciro, Alckmin e Marina transferissem metade de seus votos
diretamente para Bolsonaro. Não é provável mas não é impossível.
As novas pesquisas dirão. Haverá Datafolha nesta terça, Ibope na quarta, Datafolha na quinta, e Ibope e Datafolha no sábado.
Folha de SP
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