Anderson “Spider” Silva retorna ao octógono do UFC neste sábado, na Austrália, contra o invicto nigeriano Israel Adesanya, 29, em uma eliminatória pelo título dos médios (83,9 kg). O brasileiro tem repetido a pessoas próximas que deseja voltar a ser campeão. Para o UFC, especialmente no mercado brasileiro, é um bom negócio o “Spider” voltar a vestir o cinturão.
A luta será transmitida pelo canal Combate, em pay-per-view. A programação começa às 20h50.
O rival, cujo forte é o kickboxing (mistura de boxe e caratê), se define clone do brasileiro.
“O Adesanya lembra o Anderson do Pride [torneio disputado por Anderson no início da carreira], é mais jovem, mais ágil, mais magro, abaixa a guarda, tem aquela coisa como o Anderson de ‘sair’ dos golpes puxando a cabeça para trás”, compara o amigo, contemporâneo de Anderson e diretor do UFC, Rodrigo “Minotauro” Nogueira. “O Dana White foi muito feliz ao casar essa luta e, para motivar os dois, prometer uma disputa pelo título ao vencedor.”
Anderson repete a integrantes da equipe que o objetivo é voltar a ser campeão, e para isso não ficou apenas nas palavras. Ele integrou à equipe Alex “Poatan” Pereira campeão dos médios (85 kg) de kickboxing pelo Glory, que já venceu Adesanya duas vezes, uma delas por nocaute.
“Ele também chamou para ajudar o Cosmo Alexandre, brasileiro que foi campeão de um prestigioso torneio em Bangkok, na Tailândia, e o Edelson Silva, técnico e atleta do boxe, menor do que ele, o que ajuda na velocidade”, analisa Rogério “Minotouro”, irmão de Rodrigo e um dos derradeiros contemporâneos de Anderson ainda em atividade dentro do MMA.
O ex-campeão, que completa 44 anos em abril e está há praticamente dois anos sem lutar, não deixou brechas em sua preparação, e levou inclusive sua fisioterapeuta, Angela Cortes, para a Austrália. O trabalho foi preventivo, com o objetivo de diminuir as altas cargas de estresse nas estruturas corporais para manter uma boa estabilidade e a mobilidade.
A arma do “Spider” nesta fase da carreira, segundo Minotauro, é duplicar o norte-americano Bernard “O Alien” Hopkins, que foi campeão mundial dos meio-pesados de boxe aos 48 e 49 anos.
“O Anderson fez algo que nem todo mundo consegue, ele aprendeu a lutar [no estilo] ‘mais velho’. O Bernard Hopkins faz isso muito bem”, explica Minotauro. “Como é isso? O Anderson vai enrolar o Adesanya, segurar o gás até o final.”
Uma vitória de Anderson beneficiaria toda a cadeia do mercado de MMA no Brasil.
“Colocar o Anderson em um card dispara vendas de pay-per-view no Brasil e no exterior, já que lutou e é conhecido na Coréia, Japão, Inglaterra, Estados Unidos”, define Minotauro. “No Brasil, estamos em uma entressafra de talentos, e ter um ídolo, um embaixador do esporte como o Anderson, campeão do UFC seria importante para atrair praticantes.”
Um eventual retorno de Anderson ao posto de campeão também seria motivo de festa no Grupo Globo, sócio do UFC no canal Combate, que viu a base de assinantes diminuir nos últimos anos. Tal é a atração do público por Anderson, que por muitos anos um card do UFC com participação do “Spider” valia por dois no acordo de exibição na TV aberta, o blog apurou. Ou seja, se a Globo tivesse o direito de transmitir três cards no ano, se exibisse um de Anderson, teria direito de transmitir apenas mais um.
“Quando o Anderson sofreu aquele acidente na perna [ao quebrá-la na revanche com Chris Weidman, em dezembro de 2013] nós sentimos… O número de alunos que era de 11 mil baixou para 9 mil”, revela Rogério “Minotouro”, referindo-se à sua franquia de academias Team Nogueira.
Na promoção da luta deste sábado, Anderson indicou que faria só mais as três lutas que restam em seu contrato com o UFC. Porém depois deixou em dúvida se poderia seguir lutando.
“Se ele conseguisse recuperar o título, nem precisaria fazer as três lutas do contrato, acho que poderia parar na hora”, brinca Minotauro. “Mas ele é imprevisível. Ele está jovem fisicamente, ao contrário de mim, que quando parei estava sentindo dores. O Anderson é hiperativo, joga basquete com os filhos, capricha nos treinos. Se vai parar ou continuar é uma incógnita…”
Folhapress
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