Com fila de espera na rede pública, Governo começa a encaminhar pacientes para hospitais privados no RN

Foto: Emanuel Amaral/TN
O cenário da pandemia no Rio Grande do Norte começa a ficar dramático. Embora o Governo ainda não use o termo “colapso” para definir a situação no sistema de saúde, a rede pública já não suporta mais a demanda e o plano de expansão de leitos encontra dificuldades em razão, sobretudo, na demora da chegada de equipamentos, como respiradores. As filas para a retirada do auxílio emergência e a abertura de parte do comércio já têm consequência nas internações. O número de mortos subiu para 87 no Estado e 1.919 pacientes já foram diagnosticados com a Covid-19. Ao todo, 662 pessoas foram recuperadas.
O secretário de Estado de Saúde Pública Cipriano Maia afirmou neste sábado (9) que o Governo já autorizou a central de regulação a encaminhar pacientes para a rede privada. Segundo ele, havia no momento da entrevista coletiva 10 pacientes na fila de espera por um leito. Há hospitais, como o Giselda Trigueiro, que já contam com mais pacientes internados do que a demanda suporta.
– Nos leitos críticos já temos 10 pacientes na espera da regulação. O Gisela (Trigueiro) já está com dois pacientes a mais. Temos 25 leitos, mas há 27 internados. Já autorizamos a central de regulação a encaminhar pacientes para a iniciativa privada”, disse.
No balanço mais recente divulgado pela Sesap, o Rio Grande do Norte conta com 285 leitos ocupados por pacientes da Covid-19. Desses, 161 na rede pública e 124 em hospitais privados. Há 143 pacientes em estado crítico e 104 em observação.
A transferência de pacientes para hospitais particulares já estava prevista pelo Governo. Na semana passada, a Sesap lançou um edital de Chamamento Público Emergencial para empresas ou organizações sociais que farão gestão de 100 novos leitos, sendo 80 de Unidade de Terapia Intensiva e 20 de retaguarda. O contrato no valor de R$ 48,8 milhões é válido por seis meses e é por produção, ou seja, serão pagos só os leitos utilizados. A diária para um leito de UTI está estimada em R$ 3.092,53. Já um dia no leito de retaguarda de enfermaria clínica está orçado em R$ 1.196,87.
Cipriano Maia explicou que a expansão ainda não se concretizou e que serão necessárias atitudes ainda mais intensas de controle e vigilância por parte do Estado e dos municípios para evitar o colapso do sistema nos próximos dias.
Ele anunciou a abertura de novos leitos em Mossoró – 10 no hospital São Luís (hoje), 5 no hospital Tarcísio Maia (até segunda-feira) e 10 no hospital Rafael Fernandes (na próxima semana). E destacou que o Estado projeto abrir mais leitos em Natal, mas vêm encontrando dificuldades:
– Esperamos deixar o Giselda com 30 leitos, abrir mais no hospital da Polícia Militar e em outras unidades. Mas há limitações de equipamentos. A contratação da OS para a implantar de 30 leitos já foi publicada, mas só vai acontecer em 20 dias. Os da Liga também estamos para abrir. Não temos conseguido adquirir os respiradores e ventiladores. Alguns estão sendo comprados, mas não foram entregues ainda”, afirmou.
Respiradores
O Governo já comprou e aguarda a chegada de 44 respiradores. Desses, 30 foram adquiridos via Consórcio do Nordeste por R$ 4,9 milhões, mas ainda não chegaram. Outros 14 equipamentos comprados junto à Intermed Equipamento Médico Hospitalar LTDA, via licitação realizada pelo projeto Governo Cidadão, foram travados pelo Ministério da Saúde, que bloqueou toda a produção da empresa. O Governo entrou na Justiça e ganhou a ação na Justiça Federal. No entanto, a Intermed alegou que o Estado tem uma dívida com a empresa refere a 2018, ainda na gestão Robinson Faria (PSD), e condiciona o envio dos respiradores ao pagamento do débito.
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