Como Fátima já descarta a Petrobras na proposta de reativar a economia e os empregos?

 

A governadora Fátima Bezerra esteve neste final de semana em Mossoró (RN). Cumpriu atividades no âmbito religioso e, especialmente, atuou como reforço na convenção da pré-candidata Isolda Dantas.  Enquanto esteve na Escola José Nogueira, no bairro Santo Antônio, recebeu os jornalistas para uma coletiva para falar da atuação do Governo do Estado neste período de Covid-19 e de como os trabalhos vêm surtindo efeitos surpreendentes.

Há poucos dias, o índice de transmissibilidade da doença, que recomenda-se não ser maior que 1, estava em 1,3. Ontem, a taxa caiu para 0,87. A ocupação de leitos por região está em queda e apenas o Seridó ainda preocupa: região metropolitana de Natal (38%), Mato Grande e Agreste (0%), Oeste (34%), Alto Oeste (50%), Potengi-Trairi (18%) e Seridó (62%). Lembre que Mossoró está conseguindo manter índices importantes, a ponto do Hospital Tarcísio Maia deslocar os leitos covid para outras patologias.

Enquanto lutava para alcançar estes números mais controlados, alguns prefeitos (como já relatamos em textos anteriores) insistiam em privilegiar a economia. Para isso, curas milagrosastúneis placebo e carreatas deram o tom para que todos pudessem ocupar as ruas e negligenciar a pandemia enquanto os hospitais enfrentavam o caos. Fátima seguiu resistindo, dizendo que a vida estaria em primeiro lugar neste debate. Manteve o isolamento e as ações de fiscalização na quarentena.

Nem tudo foi maravilha neste desafio, porém os números já falam por si. A situação parece sob controle, embora a pandemia não tenha passado (quem anda pelas ruas, já percebe o coronavírus não impõe mais medo). No entanto, o momento já condiciona falar em reativar a economia. E Fátima aproveitou a convenção do domingo para tratar disso.

Arrecadação em baixa, empregos ameaçados e serviços ainda reagindo em marcha lenta. O auxílio-emergencial que, somado ao bolsa-família atende quase um terço dos potiguares, tem reduzido os efeitos negativos de uma economia frágil. A redução dos recursos para os mais pobres, caindo de R$ 600 para R$ 300 vai expor o drama logo mais adiante.

Assim, Fátima decidiu se antecipar. Empresários de vários segmentos do setor produtivo se reuniram com o Governo e um projeto foi elaborado, pondendo entrar em vigência nos próximos 15 dias. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e a Secretaria de Tributação coordenaram os pontos da retomada. Isso significa que o projeto terá estímulos tributários e de subsídios. “As ideias tiveram uma grande aceitação do grupo, do setor empresarial, desde o microempreendedor ao grande, na área de agricultura, indústria e serviços”, declarou.

As medidas tributárias e econômicas pretendem reativar a economia do Estado e se tiver o mesmo efeito no combate à pandemia, pode significar geração de empregos. E um dos primeiros alvos para esta reativação será o setor de petróleo. Fátima explicou que, mesmo com o posicionamento já explicitado acerca da saída da estatal do RN, é preciso agora pensar em alternativas.

Segundo ela, as empresas privadas do setor tem apresentado propostas interessantes, embora não tenha revelado como atuarão na exploração e nos repasses tributários que poderiam ser gerados ao Estado. A governadora chegou a pensar no modelo híbrido nesta exploração  (Petrobras e empresas privadas). No entanto, é provável que neste acordo, a estatal não queira participar da conversa.

O anúncio agradou muito o pré-candidato a vice Gutemberg Dias, da Rede Petro,  defensor da ideia de que as empresas atuem mais fortemente na cidade e no Estado, conforme entrevista concedida ao Foro de Moscow. O Sindicato dos Petroleiros, por sua vez, vê o tema com ressalvas. “Com esta saída da Petrobras, o que mais afetou foi os empregos. Agora temos a perspectiva de ampliação. Outro ponto é em relação à receita, através dos royalties. Por isso, abrimos o diálogo”, explicou. Uma reunião com a Rede Petro estava agenda para esta segunda-feira (14) para amarrar a questão. “Estou falando isso, porque isso tem muito a ver com Mossoró e com a região. Estamos agindo”, acrescentou.

A governadora, portanto, já descarta a Petrobras porque a Petrobras descartou o RN primeiro, sem mais delongas. O impacto da saída é bem maior que as medidas econômicas de retomada no setor. Pelo menos, ameniza uma crise que tenderia a se ampliar no ano que vem, data aproximada para a estatal brasileira deixar o RN de uma vez por todas.

Por William Robson

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