- Outsider: investidor que não tem acesso às informações de uma empresa.
- Establishment: a elite social, econômica e política de um país.
Se havia
alguma reserva do establishment brasileiro em relação ao deputado Jair
Bolsonaro (PSL-RJ), seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto na
reta final da eleição presidencial vai tratando de dissipá-la. Movido
pela ojeriza aos últimos anos dos governos petistas, o mercado fechou os
olhos às controvérsias protagonizadas pelo capitão reformado do
Exército e sua equipe econômica — e os receios causados por sua retórica
autoritária — para se posicionar ao seu lado, o que contribuiu para
frear as seguidas elevações do dólar e amortecer as bruscas variações da
Bolsa de Valores. Além disso, o Centrão, composto por oito partidos que
embarcaram na candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) no início da
campanha e que migrava paulatinamente para a campanha de Bolsonaro, se
diluiu em bancadas temáticas no Congresso Nacional para aderir de vez
àquele que desponta cada vez mais como favorito para assumir o Palácio
do Planalto.
"De
um lado está a esquerda. De outro, o Centrão. Vou até agradecer Alckmin
por ter juntado a nata do que há de pior no Brasil ao seu lado", disse
Bolsonaro em julho. Agora, a base do Centrão está com ele, mas sem o
inconveniente de levar esse nome. Composta por 261 deputados e
senadores, a Frente Parlamentar da Agricultura declarou apoio a
Bolsonaro na última terça-feira, "atendendo ao clamor do setor produtivo
nacional, de empreendedores individuais aos pequenos agricultores e
representantes dos grandes negócios". "As recentes pesquisas eleitorais
trazem o retrato da polarização na disputa nacional, o que causa grande
preocupação com o futuro do Brasil. Portanto, certos de nosso
compromisso com os próximos anos de uma governabilidade responsável e
transparente, uniremos esforços para evitar que candidatos ligados à
esquemas de corrupção e ao aprofundamento da crise econômica brasileira
retornem ao comando do nosso País", diz a nota divulgada pela chamada
bancada ruralista.
Esse tipo
de manifestação não é usual, segundo Marcos Verlaine, analista político
e assessor parlamentar do Diap (Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar). Para o analista, a manifestação ostensiva de
apoio se justifica pela afinidade da bancada com a política professada
pelo candidato, liberal na economia e conservadora no plano dos
costumes. “Não me lembro de apoio formal da bancada em outras eleições.
Estas eleições não têm paralelo”, analisa. Outra bancada que promete se
posicionar oficialmente a favor de Bolsonaro é a evangélica, que reúne
199 deputados e quatro senadores — os parlamentares podem compor mais de
uma bancada, então não faz sentido somar os números brutos de
apoiadores de diferentes bancadas.
Presidente
da Frente Parlamentar Evangélica, o deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR)
lidera o movimento de apoio e promete entregar uma carta ao candidato à
Presidência nos próximos dias. "Mais que uma questão natural, é uma
questão espiritual. Está acima de qualquer doutrina partidária. É a
defesa dos valores da família cristã ", diz trecho da carta revelado
pelo Estado de S.Paulo. "Certos de nosso compromisso com os quase 86,8%
de cristãos de todo o território nacional, declaramos nosso amplo apoio
aos candidatos da Frente em todo o Brasil, bem como o nosso apoio a Jair
Messias Bolsonaro. Nosso intuito é evitar que candidatos filiados a
extrema esquerda assumam, mais uma vez, a direção do país causando ainda
mais crises do que as que atravessamos nos últimos anos”, diz a
manifestação de apoio.
Leia Mais: El País
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