Eleições
geralmente ocorrem em ondas, e a pesquisaDatafolha divulgada na noite
desta quinta-feira deixou claro que a surfada por Jair Bolsonaro só
ganha força. Desde segunda-feira, quando foi registrada a ascensão de
Bolsonaro depois de um período de fortes ataques, choveram adesões no
campo do candidato do PSL.
A
bancada ruralista, os evangélicos e até empresários entusiastas do
partido Novo passaram a pedir voto abertamente para o capitão reformado.
Candidatos a governador e a deputado também abandonaram as próprias
legendas e correram para tentar pegar carona no líder das pesquisas.
Há cada
vez mais cheiro de voto útil antipetista nos dados deste mais recente
Datafolha. Bolsonaro teve seu melhor desempenho entre os mais ricos,
onde subiu nove pontos e chegou a 53% dos votos totais. Neste mesmo
segmento, Geraldo Alckmin (PSDB), que começou a eleição achando que a
bandeira contrária ao petismo seria dele, perdeu quatro pontos.
A
pesquisa também escancara o alto preço que o PT paga por ter se
atrapalhado na estratégia política. O partido achava que Fernando Haddad
ia chegar ao segundo turno olimpicamente. Foi atropelado. E mesmo ao
reagir tardiamente, segue dando sinais de que não sabe muito bem o que
fazer para virar o jogo daqui para frente.
Assim que
saíram os números do Datafolha, petistas se digladiavam em busca de
culpados. Dali ouvia-se um diagnóstico duro: o de que as forças
políticas de centro e de centro-esquerda disputaram a eleição de 2018
com o olho no retrovisor, em moldes antigos, confiando no lulismo, no
tempo de TV, em um arco amplo de alianças a despeito do eventual
desgaste trazido pela ficha suja de seus integrantes. Bolsonaro desviou
para outro lado, para o mundo digital, para grupos de WhatsApp.
A
pesquisa de ontem não capta as reações ao último debate, o da TV Globo, o
mais importante justamente por ter mais audiência e repercussão, e que
ocorreu horas depois da divulgação dos números, sem a participação de
Bolsonaro. Feita esta ressalva, vale dizer que a sondagem praticamente
enterra as chances de uma terceira via, estagnada até agora nas
pesquisas.
Faltando
apenas três dias para a eleição, a pesquisa do Datafolha mostra que o
candidato do PSL alcançou 39% dos votos válidos. Resta saber se a onda
terá força suficiente a ponto de resolver a eleição no primeiro turno.
Letícia Sander – O Globo
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