Após o
fiasco na articulação de uma frente democrática em apoio a Fernando
Haddad, a campanha do PT ao Planalto admite ajustes no segundo turno e
ainda tenta ampliar as alianças com outros setores da sociedade.
Com
ataques ao PT feitos pelo senador Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, e
diante das dificuldades para dilatar seu arco político, a ordem no QG
petista é investir no eleitorado mais pobre e em grupos de evangélicos,
juristas, artistas e intelectuais - que tradicionalmente já apoiavam o
PT.
Nesta
quarta (17), Haddad vai se reunir com lideranças evangélicas em São
Paulo e prepara uma carta em que se comprometerá com a defesa da vida e
valores da família.
O ato é
reflexo da preocupação dos petistas em conter o avanço de Jair Bolsonaro
(PSL) inclusive entre o eleitorado lulista, como pobres, nordestinos e
religiosos.
Segundo o
Datafolha, cerca de 70% dos evangélicos estão com o capitão reformado. O
candidato do PSL tem 18 pontos sobre o petista segundo o Ibope desta
segunda (15) -59%, contra 41% de Haddad.
Para
diminuir essa diferença, o herdeiro de Lula esperava formar uma frente
com atores políticos importantes, como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva
(Rede) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas as tratativas não
avançaram.
A cúpula
da campanha de Haddad admite que o duro discurso de Cid Gomes, irmão de
Ciro, colocou em xeque o plano de um arco democrático para se opor a
Bolsonaro.
Durante
evento no Ceará em apoio ao petista, na segunda-feira (15), Cid criticou
o PT e chamou militantes que o vaiavam de "babacas". Ele chegou a
afirmar que o partido merecia perder a eleição. "Não admitir os erros
que cometeram é para perder a eleição. Vão perder feio", disse o
ex-governador do Ceará, cobrando um mea culpa dos petistas.
A postura
de Cid alarmou ainda mais a campanha do PT, mas não foi o primeiro
sinal de que a frente democrática está fazendo água a 11 dias do segundo
turno.
Na semana
passada, Haddad ficou preocupado com a viagem de Ciro à Europa após o
PDT anunciar um "apoio crítico" à sua candidatura.
Os
petistas entenderam que seria cada vez mais difícil levar Ciro para o
comando da campanha, com uma participação ativa, como era o desejo de
Haddad, e agora já não esperam mais nada do terceiro colocado no
primeiro turno.
Em
entrevista nesta terça, Haddad minimizou a fala de Cid, disse que não
havia assistido ao vídeo na íntegra e que a discussão é "meio
acalorada".
"Essa
coisa é meio acalorada mas eu não vou ficar comentando isso até porque
eu tenho uma amizade pessoal com o Cid, ele fez elogios à minha pessoa,
prefiro sempre olhar o lado positivo", disse.
A
campanha de Bolsonaro, por sua vez, apressou-se para explorar a polêmica
e levou o discurso de Cid ao seu programa na TV. "Cid Gomes, irmão de
Ciro Gomes, fala a verdade que o PT não aceita", diz o locutor na
abertura da peça.
Na
tentativa de evitar o desmoronamento completo do plano de formar sua
frente, Haddad acelerou a aproximação com FHC e telefonou, nesta
segunda, para o superintendente do Instituto FHC, Sérgio Fausto, mas
nada de concreto foi fechado.
Em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente afirmou que
havia possibilidade de uma "porta" de diálogo para Haddad. O tucano e o
petista têm boa relação e conversavam diretamente antes da campanha.
Haddad
nunca acreditou em declaração de apoio público à sua candidatura por
parte de FHC, mas avalia que o tucano, ao rechaçar Bolsonaro, pode
participar de uma plataforma em defesa dos valores democráticos. FHC é a
tentativa de peso para o projeto após o petista ver, além de Ciro,
Marina e até Henrique Meirelles (MDB) declararem neutralidade no segundo
turno.
Articulador
político da campanha do PT, Jaques Wagner minimizou o fracasso dos
acordos e chegou a dizer que desconhecia a ideia da formação da frente
–ecoada por ele mesmo e pelo candidato desde a semana passada. Segundo
Wagner, a tese era de "ampliar com a sociedade" e todos os recados já
foram dados.
Haddad
esteve também com o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa na semana
passada, mas a conversa foi pouco assertiva. Barbosa, que poderia ser
ministro da Justiça de um eventual governo do PT, de acordo com aliados
do candidato, declarou estar preocupado com o país, porém não deu sinal
de que vai firmar acordo publicamente com o petista. Com informações da
Folhapress.
Comentários
Postar um comentário