Estudo no Brasil com dexametasona para combater Covid-19 já testou dois terços do público-alvo

Foto: Reprodução/Universidade de Oxford
Os efeitos do anti-inflamatório dexametasona para pacientes infectados por coronavírus, preliminarmente divulgados por pesquisadores da Universidade de Oxford, também são pesquisados no Brasil. Desde 17 de abril, 40 hospitais de todo o país estão testando a resposta de organismos com a Covid-19 ao remédio.
Até o momento, 280 pacientes usaram a medicação no tratamento, o que corresponde a aproximadamente dois terços do público-alvo da pesquisa: 350 infectados por coronavírus. A ideia é que os outros 80 pacientes restantes sejam submetidos ao tratamento nos próximos 20 dias.
O estudo de Oxford ainda não foi publicado em revistas científicas – considerada uma das últimas etapas de validação -, mas os pesquisadores compartilharam, nesta terça-feira, avanços do ensaio. Cerca de 2.000 pacientes hospitalizados receberam dexametasona e foram comparados com quase 4.000 que não receberam o medicamento.
A medicação reduziu em um terço as mortes de pacientes internados com ventiladores mecânicos. Entre os doentes fazendo uso de oxigênio, a diminuição no número de mortes foi de cerca de 20%.
Segundo um dos coordenadores da pesquisa no Brasil e médico do Hospital Sírio Libanês, Luciano Cesar Azevedo, ainda é cedo para tirar conclusões em relação aos resultados no Brasil, mas sabe-se que o público-alvo é semelhante ao do estudo realizado em Oxford.
– Ainda é cedo para falar sobre esses resultados. Se analisarmos antes da hora, pode atrapalhar o andamento do estudo. O medicamento dexametasona está sendo usado e testado apenas em casos mais graves, em pacientes entubados, com respiração artificial ou oxigenação reduzida, e com risco de morte.
Após os testes nos 80 pacientes restantes, explica Azevedo, a pesquisa deve ser acompanhada durante mais 30 dias em um banco de dados. O processo deve seguir, ao menos, até agosto.
Finalizada a etapa dos testes no Brasil, um comitê internacional de pesquisadores deve se reunir para, então, realizar a análise dos dados: – Eles não estão envolvidos no estudo, só vão fazer as análises – diz Azevedo.
O estudo no Brasil está funcionando da seguinte forma: o paciente internado com a forma mais grave da doença é avisado pelo médico sobre a existência de um estudo em andamento com um remédio promissor, mas sem certeza da eficácia.
Caso a pessoa infectada concorde em realizar o teste, entra em uma espécie de sorteio para ver em qual grupo será analisado. Pode ser no grupo de pacientes que é submetido apenas ao tratamento habitual, o que inclui ventilação mecânica e soro, por exemplo, ou pode entrar em um segundo grupo, em que já seria adicionada a dexametasona.
O Globo

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