“A vacina surgiu em meio a uma emergência sanitária e ainda estamos aprendendo e observando o tempo de duração do efeito protetivo”, diz o pesquisador titular e diretor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de São Paulo Rodrigo Stabeli.
De acordo com ele, o processo de vacinação contra a covid-19 ainda é muito recente e não houve tempo para que os cientistas observassem os efeitos e a eficácia do imunizante a longo prazo.
“É o tempo que vai dizer isso”, afirma a doutora em saúde pública com especialização na Universidade Johns Hopkins e na Universidade do Sul da Flórida Carla Domingues. Ela acumulou anos de experiência em vacinas coordenar o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde de 2011 a 2019.
“É importante dizer que essa não é uma peculiaridade da vacina da Covid. É assim com todas”, explica. “A vacina da meningite é o exemplo completo. Quando a vacina foi introduzida, nós também não tínhamos esses dados. São os estudos vindos com o tempo que vão nos dizer isso. Toda vacina passou por isso”, completa Domingues.
Os pesquisadores não excluem a possibilidade de ser preciso fazer reforços vacinais para amplocar a proteção contra a covid e as suas diversas mutações.
"Pode ser que a gente tenha que fazer um portfólio de vacinação anual, assim como fazemos com a gripe", diz Stabeli. "Isso significa que não conseguimos erradicar o vírus da Influenza - causador da gripe. Mas, com a vacina, podemos conter a disseminação da doença".
Observação em tempo real
Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine na terça (6) mostrou que a vacina da Moderna conseguiu manter eficácia de 94% na prevenção da covid-19 seis meses após a aplicação da 2ª dose.
No estudo, 33 pessoas de diversas idades tiveram acompanhamento médico por 180 dias após a 2ª dose. Os pesquisadores disseram que o grupo continuará a ser observado para coleta de dados.
"A atividade dos anticorpos permaneceu alta em todas as faixas etárias", afirmaram os cientistas à Reuters.
A vacina da Moderna é feita como RNA mensageiro (mRNA), capaz de codificar a proteína S da coroa do vírus e induzir a proteção natural do corpo.
G1
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