Bolsonaro repassou denúncias sobre Covaxin a Pazuello, informam aliados

 

Foto: Reprodução/Globo News

Senadores governistas que integram a CPI da Covid afirmaram nesta quinta-feira (24) que o presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, as denúncias do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão, Luis Ricardo Miranda, sobre supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

Ainda de acordo com os senadores, Pazuello teria promovido uma apuração interna do caso, sem encontrar qualquer problema no contrato. Os parlamentares não divulgaram relatório ou documento do Ministério da Saúde que comprove essa investigação.

As informações foram divulgadas na manhã desta quarta pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC), após reunião com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) também esteve na reunião.

Ao G1, o ministro confirmou por mensagem de celular que repassou esses dados aos senadores – disse que “essa é a verdade”.

“O ministro Onyx [disse que] o presidente, quando esse deputado veio falar, entre outros assuntos, o presidente falou imediatamente com o ministro Pazuello para pedir: ‘Vê um assunto aí da Covaxin'”, relatou Jorginho Mello, após a reunião.

“E o ministro foi ver, viu e, como não tinha nada (…) Depois de três meses estão requentando o assunto”, afirmou Mello.

Nova versão

Na tarde de quarta (23), o servidor Luis Ricardo Miranda afirmou ao jornal “O Globo” que tinha alertado pessoalmente o presidente Jair Bolsonaro sobre as possíveis irregularidades na compra da Covaxin.

Miranda é ex-coordenador de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde e atual chefe de importação do Departamento de Logística da pasta. O servidor diz que, ao ouvir as suspeitas, Bolsonaro disse que acionaria a Polícia Federal para pedir apuração.

Após a publicação da entrevista, Onyx Lorenzoni deu um pronunciamento à imprensa sobre o caso. Naquele momento, ele não fez qualquer menção a uma apuração por parte do Ministério da Saúde.

O ministro da Secretaria-Geral afirmou que Jair Bolsonaro pediu uma investigação à PF – não sobre as denúncias, mas sobre a conduta dos irmãos Miranda.

“Vamos solicitar um PAD [processo administrativo disciplinar junto à CGU [Controladoria-Geral da União] para apurar a conduta do servidor […] E vamos pedir abertura investigação do deputado e do servidor baseado no artigo 339 e 347. Além disso, será investigado o servidor por prevaricação”, afirmou.

Os artigos 339 e 347, citados por Onyx, se referem respectivamente aos crimes de denunciação caluniosa e fraude processual no Código Penal.

Senadores municiados

Os senadores governistas que se reuniram com Onyx dizem ter sido municiados com documentos relativos à contratação da vacina indiana Covaxin. O grupo aliado do Planalto é minoria na CPI da Covid.

Nesta sexta-feira (25), o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda vai prestar depoimento à comissão de inquérito. Ele estará acompanhado do irmão, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF).

Onyx, de acordo com os senadores, apresentou informações, reforçou que o imunizante não foi adquirido e que nenhum valor foi pago – o blog do jornalista Valdo Cruz mostrou nesta quarta que R$ 1,6 bilhão chegou a ser empenhado (reservado) pelo governo para a aquisição de 20 milhões de doses.

“Tivemos acesso a documentos, informações, de maneira que isso instrui os nossos trabalhos na CPI. Quando se vê a fundo, se está diante de um fake news que tenta tumultuar o processo, gerar constrangimento e gera prejuízo ao próprio interesse público”, disse Marcos Rogério.

G1

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