Renan Calheiros critica discurso de Bolsonaro na ONU, diz que ‘não foram mais do que 30 mil pessoas’ nas manifestações de 7 de setembro, e chama presidente de ‘golpista do cercadinho’

 


Foto: ADRIANO MACHADO / AM

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o presidente Jair Bolsonaro mentiu em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Na sessão da CPI, Renan chamou Bolsonaro “golpista do cercadinho” e de “figura rudimentar, anacrônica e transitória”, e afirmou que o discurso mostrou a “República do cercadinho”. É uma referência ao grupo de apoiadores de Bolsonaro que costumam se juntar num cercadinho na entrada do Palácio da Alvorada, com quem presidente costuma conversar. Nesses encontros, Bolsonaro não se expõe a críticas e encontra uma plateia simpática a suas ideias.

O relator da CPI fez referência a outros episódios ocorridos em Nova York, onde fica a sede da ONU, como a impossibilidade de Bolsonaro frequentar restaurantes por não estar vacinado, e protestos contra o presidente.

Verificamos na prática que vergonha definitiva desconhece limites. Os vexames na ONU do presidente da República vão desde vaias, puxadinhos, proibição de acesso por falta de vacinação, advertências públicas do prefeito de Nova York, e a negação universal das vacinas diante do primeiro ministro do Reino Unido. O discurso lamentavelmente pífio na Assembleia mostra ao mundo a República do cercadinho, uma vergonha para todos os brasileiros, a exumação da insignificância — disse Renan.

O relator da CPI continuou:

— Único líder do G20 não vacinado, Bolsonaro repetiu seu papel de figura rudimentar, anacrônica e transitória, e propagador de mentiras. Seu discurso foi uma mentira só do começo ao fim. O Brasil perdeu a credibilidade internacional.

Depois, Renan citou alguns pontos específicos do discurso. Bolsonaro negou por exemplo casos de corrupção no governo.

— E a corrupção negada por ele na ONU foi comprovada em diversas oportunidades na CPI, como propinas [na negociação de vacinas] — disse Renan, acrescentando: — Diante de mais de 20 irregularidades reveladas pela CPI, o governo foi ao final coagido a rescindir o contrato.

Bolsonaro voltou defendeu o tratamento precoce, mesmo que os remédios usados não tenham eficácia comprada.

— Na contramão do mundo, da ciência, pregou para todo o mundo tratamento precoce, responsável por muitas mortes o Brasil — afirmou o relator da CPI.

Boslonaro disse ainda que milhões de brasileiros foram às manifestações de Sete de Setembro, de apoio ao governo.

— Bolsonaro também mentiu sobre a participação de milhões na manifestação de Sete de Setembro. Não foram mais do que 30 mil pessoas, e hoje sabemos a que custo. O golpista do cercadinho repetiu seu negacionismo e sua limitação cognitiva para todo mundo. A frieza nas reações após dez minutos de fake news sobre o Brasil foi eloquente sobre a sua irrelevância — concluiu Renan.

Extra – O Globo

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