Há nove anos na Rússia, médico potiguar decide voltar ao Brasil após início da Guerra na Ucrânia


Antônio Aguiar é médico potiguar e mora há nove anos na Rússia (Foto: Divulgação)

Morando há nove anos na Rússia, o médico potiguar Antônio Neto Aguiar decidiu que vai voltar para o Brasil por conta da tensão atual após o início da Guerra na Ucrânia na quinta-feira, 24.

O potiguar se mudou para o país para poder estudar medicina e concluiu o curso há cerca de um ano e meio. Atualmente, está fazendo uma residência em cirurgia plástica na Universidade Russa da Amizade dos Povos, mas acredita que não concluirá por estar “com muito receio de continuar” no país.

“Agora eu acredito que o momento é de retorno para casa. Eu sei o quão foi difícil minha trajetória, tudo que fiz, pra chegar nesse momento e ter que arriscar dessa forma. Não é viável”, disse ao g1.

Antônio mora na cidade de Krasnodar, no Sul da Rússia e a cerca de 6 horas da fronteira com a Ucrânia.

O potiguar conta que não esperava que a guerra ocorresse dessa maneira e que a população se mostra preocupada com o cenário.

“Aqui está muito tenso. Até dois dias atrás, enquanto todas as situações estavam no papel e só palavras, nós não estávamos preocupados e não estávamos achando que isso ocorreria. A tensão ficou grande porque começaram as informações sobre fechamento de aeroportos. O nosso foi o primeiro a ser fechado, porque estamos a 5 ou 6 horas de onde está tendo o conflito”, contou.

Medo de ataques

Apesar de a Rússia estar atacando o território da Ucrânia atualmente, o médico teme que haja contra-ataque do país vizinho.

“O receio que eu tenho é muito pelo fato de que haverá represálias, porque a Rússia está atacando e nós acreditamos que isso não vá ficar por isso, porque é uma guerra. Então, alguma coisa vai voltar”, falou.

“A gente sabe que tem ucranianos, pessoas que apoiam o governo ucraniano que estão aqui dentro da Rússia, então pode ser que haja atentados e coisas nesse sentido. Então a população está bem apreensiva”.
Mesmo diante da tensão da guerra, o comércio e as atividades na cidade seguem normais atualmente, já que a Rússia não está sob ataque, segundo explicou o médico. “Entretanto as pessoas não falam em outra coisa. Só se fala a respeito da guerra”.

“A gente começa a se desesperar”

Ao perceber que a Rússia tinha invadido a Ucrânia, Antônio relata que a sensação foi de “estranheza”. “Existem guerras e guerras. Tem as de ataque, as frias também, que são sanções impostas. Essa nós pensávamos que seria algo também assim, de represália econômica. Mas não. É bombardeio”, lamenta.

O médico diz que ao ver as imagens dos primeiros bombardeios se assustou. “Vendo aquilo tudo, a gente começa a se desesperar”.
O potiguar conta que ainda não deixou a Rússia por “questões burocráticas”, como trancar a faculdade, vender o veículo que possui e organizar algumas documentações na embaixada.

“Por isso que não é agora de imediato. Mas eu vou tentar resolver o mais rápido possível para poder chegar nos braços da minha mãe”.

Segundo ele, a maioria dos brasileiros que conhece na cidade não devem fazer esse mesmo movimento de retorno pra casa.

“Os que estão aqui na cidade que eu estou não pretendem voltar, eles vão continuar porque ainda estão fazendo as suas faculdades. Eu, como já tenho meu diploma, já consolidei isso…o restante aqui pra mim foi lucro. Então, eu já posso voltar de forma tranquila, com minha missão cumprida”. (Com informações Sara Cardoso e Leonardo Erys, Inter TV Cabugi e g1 RN).

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