‘Inflação da guerra’ vai elevar preços e reduzir produção de frango, além de encarecer passagens aéreas e carros


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O choque inflacionário iminente provocado pela disparada do preço do petróleo e de alimentos no mercado internacional, consequência direta da invasão da Ucrânia pela Rússia, chega ao Brasil.

O país já vinha sofrendo pressões com o aumento da conta de luz em razão da crise hídrica e escassez de matérias-primas, como semicondutores. Parte disso, em especial o último fator, permanece.

O conflito no na Europa adiciona novos elementos: elevou as cotações de grãos, como o milho e o trigo, e tornou a cotação do petróleo ainda mais volátil. O barril do tipo Brent fechou a sexta-feira cotado a US$ 112,42, mas durante a semana encostou em US$ 140, próximo da máxima histórica.

Esse cenário já causa por aqui um efeito cascata que afeta os preços desde itens básicos do dia a dia até os sonhos de consumo típicos da classe média: vai da alta da gasolina, passando pelo reajuste dos preços das carnes de frango e suína, à falta de material para a produção de automóveis.

A carne de aves e suínos ficará mais cara porque os animais são alimentados com milho e farelo de soja. Com frete e grãos mais caros, os alimentos in natura, de modo geral, devem encarecer. O preço do ovo, alternativa de fonte de proteína mais comum em momentos de custo elevado da carne, também deve subir.

Renda não acompanha

A Ucrânia também é uma importante produtora de milho. O país e a Rússia respondem por cerca de 20% das exportações globais do grão.

O conflito deve comprometer o plantio da safra, especialmente no país invadido pelas tropas do governo do presidente russo Vladimir Putin. Por isso, a quebra da produção já é dada como certa. A safra na região é anual, diz Leonardo Alencar, líder de Agro da corretora XP, diferentemente do Brasil, que tem duas safras ao ano.

Passageiro pagará mais pelo bilhete e terá menos opções de voos

Na montanha-russa que virou a economia mundial, o setor aéreo é o primeiro carrinho e sente antes quedas bruscas, diz o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier.

A alta dos preços de combustíveis já trouxe inevitáveis aumento das passagens aéreas e redução da oferta de voos, uma vez que o querosene de aviação (QAV) é o principal custo das linhas aéreas.

Mesmo com contratos de fornecimento de combustível de longo prazo, as companhias aéreas têm reajustes frequentes de preço que acompanham a cotação internacional, diz Cadier.

Montadoras vão amargar falta de insumos, e frete ficará mais caro

A guerra na Ucrânia já compromete a indústria automotiva mundial e, segundo fontes do setor, logo a falta de peças, os atrasos na entrega e o aumento dos preços de fretes e veículos vão ecoar no Brasil. Além do salto nas cotações das commodities, Rússia e Ucrânia produzem insumos essenciais para autopeças.

A Rússia é a maior produtora de paládio, metal aplicado em catalisadores, parte dos sistemas de escapamento dos veículos. Em 2021, a russa Nornickel respondeu por 40% da produção global. Já a Ucrânia produz gás neônio, usado em semicondutores.

Com informações de O Globo

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