Aprovado em 11 vestibulares Caio Temponi estuda dez horas por dia; ele tem só 14 anos

 

Caio: descanso em Três Rios (RJ), sua cidade natal, após façanhas nos vestibulares (Foto: Arquivo pessoal)

ENTREVISTA | Eduardo Marini, do R7, em Três Rios (RJ)

Primeiro lugar na seleção do Colégio Militar de Juiz de Fora (CMJF), com todas as respostas corretas. Primeiro colocado na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, a Epcar, da Força Aérea Brasileira (FAB), de novo acertando todas as questões de matemática, português e inglês, 48 no total.

Primeira colocação no vestibular de Administração na Universidade Estadual do Ceará (UECE). Primeiro lugar em Direito na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Primeiro colocado em Engenharia Civil na Universidade Federal do Cariri (UFCA). Aprovado duas vezes em Medicina na Universidade de Fortaleza (Unifor) e outras duas, no mesmo curso, no Centro Universitário de João Pessoa (UNIPE).

Primeiro colocado em duas olimpíadas internacionais de Matemática, com acerto total em uma delas. Aprendizado total de leitura e escrita em português e de tabuada aos três anos, em casa.

QI de 139, de inteligência superior, medido aos sete anos (especialistas acham que são imensas as chances de atingir um índice ainda maior, se fizer hoje um novo exame). E para coroar, ao menos até aqui, 14º lugar, em 150 vagas, no vestibular para Engenharia do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, tido como o mais difícil do país.

Façanhas realizadas dos 12 aos atuais 14 anos pelo fluminense Caio Temponi, o mais novo príncipe precoce da educação brasileira. Nascido em Três Rios, no Estado do Rio de Janeiro, filho único de um motorista aposentado e da dona de casa Laurismara Temponi, mora hoje com os pais em Fortaleza, no Ceará. Fez barulho ao acumular desempenhos brilhantes em provas seletivas e aprovações em 11 dos mais difíceis vestibulares do país, a maioria deles em primeiro lugar, com acerto de todas as questões em alguns.

Caio faz parte de duas sociedades internacionais de inteligência superior, a Intertel e a Mensa. E também de uma pesquisa com superdotados, coordenada pelo neurocientista brasileiro Fabiano de Abreu Agrela, no Departamento de Ciências e Tecnologia da Unilogos Univesity, na Flórida, nos Estados Unidos.

Para além dos clichês que relacionam desempenhos espantosos como esse a nerds fechadões e de convivência difícil, Caio é um adolescente educado, alegre, descontraído, de astral leve, o que confere uma dimensão ainda mais encantadora ao conjunto da obra.

Adora ver séries, conversar, dar boas gargalhadas, nadar, “bater uma pelada (jogar bola)”, sair com os primos e amigos e falar sobre o Flamengo, seu time do coração. Como praticamente todos da sua idade, curte internet, games e redes sociais. Tem no YouTube o canal Gabaritando com Caio Tamponi, onde resolve questões cabeludas de provas escolhidas por ele ou enviadas pelos mais de 50 mil seguidores.

Caio recebeu o R7 ENTREVISTA na casa de familiares, em Três Rios, onde passa as festas de final de ano. Falou animadamente sobre sua trajetória, gostos, ações de menino e planos para o futuro.

Como saltou quatro séries, por dominar o conteúdo, completou o Ensino Médio neste final de 2022. O sonho é de ser juiz, mas agora está dividido entre o Direito e a Engenharia do ITA. “Vou fazer um dos dois cursos em 2023”, afirma. Gabarito total. Acompanhe:

Você completou 14 anos em julho de 2022, há cinco meses. Como deu tempo para completar o Ensino Médio agora, no final do ano?

Caio Temponi – Pulei quatro anos no Fundamental e no Médio.

Como assim?

Não fiz o primeiro, o terceiro e o oitavo anos do Fundamental e o segundo do Ensino Médio. No Fundamental, entrei na segunda série. De lá, pulei para a quarta. Do sétimo, fui direto ao oitavo. E do primeiro ano do Ensino Médio me promoveram diretamente para o terceiro. Não fiz o segundo. Meus professores e diretores me avaliaram nessas fases e chegaram à conclusão de que eu tinha conhecimento suficiente para pular essas etapas. Por isso terminei o Ensino Médio agora, aos 14 anos e meio.

Você começou cedo a dar sinais de que tem inteligência fora da média, não é?

É o que falam os mais velhos que convivem comigo. Aprendi a ler, a escrever e a tabuada completa aos três anos. De acordo com meus pais, comecei a andar aos oito meses e aos dez anos não tinha mais dente de leite (risos).

E a história do Quociente de Inteligência, o QI, o teste mais conhecido para medir a inteligência humana?

Pois é: fiz um aos sete anos, o único até agora. Deu 139. Não pesquisei esse detalhe com profundidade, mas li que menos de 1% das pessoas de todo o mundo possui QI neste nível ou acima dele. Pela tabela padrão, entre 130 e 144 é considerada inteligência superior. A partir de 144 estão os superdotados, que as pessoas chamam de gênios. Faço parte de duas sociedade de inteligência superior, a Intertel e a Mensa. Integrantes dessas sociedades, professores e diretores pedagógicos disseram para minha mãe que, que eu fizesse outro teste agora, aos 14, ou daqui a poucos anos, as chances de eu atingir um índice maior do que os 139 seriam muito grandes. Pode ser que eu faça outro mais para frente.

Na comemoração do colégio onde estuda, em Fortaleza/CE (Foto: Arquivo pessoal)

É verdade que você está incluído numa pesquisa com superdotados realizada na Unilogos University International, na Flórida, nos Estados Unidos?

Sim. Esse trabalho é liderado pelo neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, brasileiro, carioca, chefe do departamento de Ciências e Tecnologia da Unilogos. Ele entrou em contato com minha mãe e comigo quando soube de uma de minhas aprovações em vestibulares de medicina.

Você percebeu ciúme, provocação ou bullying de algum amigo na escola em algum momento?

Não. De verdade. Meus amigos sempre me trataram muito bem. Pessoas com maior facilidade para aprender as coisas muitas vezes apresentam um comportamento mais fechado, ou arrogância, mas esses, definitivamente, não são meus casos. Gosto muito de conversar com a turma, dar boas gargalhadas, sair, ir ao shopping e às casas dos meus amigos, receber parte da turma em casa, ajudar a galera a resolver as tarefas, jogar minha bola, meus games, falar de futebol, do meu time de coração, o Flamengo… Enfim, curto a vida como um cara da minha idade. Por isso rola tudo normal.

A propósito, você acaba de chegar da festa de aniversário de uma colega da pré-escola aqui em Três Rios, não é?

Isso. Jogamos bola e nadamos muito na piscina. O dia todo. Teve uma história curiosa. Gosto muito de assistir Pokémon. Um dos amigos, na festa, estava jogando um game ligado ao Pokémon na internet. Jogou quatro vezes e perdeu todas para o cara que estava à distância. Falei: “deixe eu fazer uma tentativa”. Troquei umas coisas lá e ganhei do cara.

Pois é, assim, normal, como quem não quer nada, né (risos)? O que mais você gosta de fazer?

Gosto de séries. Assisti 25 temporadas de Pokémon, Suits, sobre Direito e advocacia. Acompanhei mais de 20 seriados em todas as suas etapas. É uma das coisas que curto fazer quando tenho tempo livre.

Tempo livre, para você, deve ser coisa difícil. Você disse recentemente que “é um adolescente muito normal, mas que estuda dez horas por dia”. Estudar dez horas por dia, na sua idade, pode até ser normal, mas é raríssimo. Se você dorme pelo menos oito horas, sobram seis para comer, tomar banho, conversar com alguém, enfim… Como é sua rotina?

Rapaz, e o pior é que eu costumo dormir mais, umas dez horas (risos). Minhas aulas no Colégio Faria Brito, em Fortaleza, especializado na preparação para vestibulares difíceis como o do ITA, eram das 13h às 22h, com intervalo de 40 minutos para lanche e outro de 30, para o jantar. Normalmente, acordo por volta das oito da manhã de segunda a sexta, estudo umas duas horas em casa, pelo menos, e completo os estudos no colégio.

E nos finais de semana?

No sábado estudava das oito da manha às seis da tarde. Domingo era um pouco mais tranquilo: das oito às 17h. Só nove horas.

Com os games, um de seus prazeres no lazer (Foto: Divulgação pessoal)

É… mais tranquilo, né? Apenas nove horas, não dez, não é mesmo (risos)?. Você tem o canal Gabaritando com Caio Temponi no YouTube, com mais de 50 mil seguidores. O que você faz lá?

Pego exercícios que acho legais, ou que as pessoas me enviam, do Enem, de vestibulares mais difíceis, enfim, de provas diferentes, e desenvolvo até a resolução final. Tem coisas de todas as matérias, mas a maioria é de matemática.

Você sempre disse que seu sonho é ser juiz. Foi aprovado em primeiro lugar em Direito, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), aos 13 anos. Dias atrás, aos 14, foi aprovado em 14º lugar, para 150 vagas, no vestibular considerado o mais difícil do Brasil, o do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Essa aprovação te balançou e, agora, você está indeciso entre Direito e a Engenharia. Mas disse, dias atrás, que pretende entrar em uma faculdade em 2023. Para além de sua capacidade intelectual, você acha realmente que está preparado e com maturidade para iniciar um curso daqui a dois meses, com apenas 14 anos e meio de idade?

Acho que sim. Tenho concentração, interesse, dedicação e disciplina para as aulas e o material acadêmico, como mostrei até agora. Lidei com muita gente mais velha nesses cursos de preparação e nos estudos, até aqui, sempre com harmonia. Estou acostumado. Além disso, meus pais irão comigo para a cidade em que irei estudar. Não vou morar em repúblicas ou sozinho numa outra cidade. Irei de casa para as aulas e delas para casa. No Direito ou na Engenharia do ITA, estou certo de que tudo caminhará bem ainda que eu inicie agora, em 2023.

Sendo assim, boa sorte e mais sucesso.

Valeu mesmo. Gostei da conversa. Muito obrigado.

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