PL VAI À JUSTIÇA ELEITORAL PARA CASSAR MANDATO DE MORO, E BOLSONARO SE REÚNE COM EX-JUIZ

 

Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, pediu à Justiça Eleitoral do Paraná a cassação do mandato do senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR), a realização de novas eleições para o cargo e que Paulo Martins (PL), segundo colocado nas urnas, assuma o posto interinamente.

Moro e Bolsonaro se reuniram nesta quarta-feira (7) no Palácio da Alvorada, mas o teor da conversa não foi divulgado.

O processo corre sob sigilo no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná). A legenda contesta supostas irregularidades nos gastos de campanha de Moro.

O partido ainda solicita a quebra de sigilo das contas de Moro, de seu suplente, Luis Felipe Cunha, e de empresas (e sócios) que atuaram na campanha, além de pedir que sejam feitas buscas e apreensões em endereços ligados ao ex-ministro.

O movimento ocorre pouco depois de o ex-juiz da Lava Jato ter apoiado publicamente Bolsonaro no segundo turno das eleições deste ano.

O PL tem esperança de conseguir retirar Moro do cargo, o que levaria à realização de uma nova eleição. A avaliação é que o deputado federal Paulo Martins seria favorito para vencer o novo pleito.

Na disputa deste ano, Moro obteve 33,82%, contra 29,12% de Martins. A ação foi apresentada pelo PL do Paraná, mas teve o aval do presidente nacional, Valdemar Costa Neto.

A peça é assinada pelos advogados Guilherme Ruiz Neto, Bruno Cristaldi, Marcelo Delmato Bouchabki e Nathália Ortega da Silva.

Eles citam que Moro iniciou sua campanha quando ainda era filiado ao Podemos e pretendia concorrer à Presidência. No limite do prazo, o ex-juiz foi para a União Brasil e se lançou ao Senado.

O problema, argumentam, é que a prestação de contas dele não considerou o período anterior à troca de partido, o que faria o valor total investido ultrapassar o teto de gastos para candidatos a senador, de R$ 4,4 milhões (cerca de 20 vezes menor que o de quem almeja o Planalto).

Como base para afirmar que a campanha começa ainda no Podemos, eles citam que o partido fez contratos, por exemplo, de publicidade, que foram encerrados assim que Moro deixou a sigla, ou então de prestadores de serviço que foram à União Brasil junto com ele. E questiona a contratação de empresas ligadas ao primeiro suplente da chapa, o advogado Luis Felipe Cunha.

Moro criticou a ação do PL. “Da minha parte, nada temo, pois sei da lisura das minhas eleições. Agora impressiona que há pessoas que podem ser tão baixas. O que não conseguem nas urnas, tentam no tapetão”, afirmou o senador eleito, por meio de suas redes sociais.

O ex-juiz, que deixou o Ministério da Justiça após brigar com Bolsonaro e acusá-lo de tentar violar a autonomia da Polícia Federal, voltou a se aproximar do chefe do Executivo nas eleições deste ano.

Após flertar com Bolsonaro no primeiro turno, declarou voto nele no segundo.

Folha de São Paulo

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