Plano do PCC contra Moro foi delatado por ex-integrante da facção jurado de morte

 

Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado

O plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e matar o senador Sérgio Moro (União-PR) foi delatado por um ex-integrante da facção criminosa ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Esse ex-traficante, jurado de morte pelo PCC, virou informante das autoridades e foi colocado no sistema de proteção a testemunhas.

Uma das primeiras informações repassadas foi a indicação de quem seria o ‘cabeça’ do plano. A coordenação de toda a ação foi atribuída a Janeferson Aparecido Mariano Gomes, também conhecido pelas alcunhas de NF, Nefo, Artur e Dodge. Ele seria o chefe nacional da ‘sintonia restrita’, que funciona como um centro de inteligência e execuções de autoridades pela organização.

De acordo com a testemunha, NF estaria encarregado de levantar informações e sequestrar o ex-juiz da Operação Lava Jato. Quatro números de celular de pessoas próximas ao traficante foram entregues às autoridades. O monitoramento começou a partir da quebra dos sigilos telefônico e de mensagem dos aparelhos.

“O histórico criminal do depoente protegido e o fornecimento de dados simples, mas comuns em troca de informações do meio criminal (terminais atualizados para contatos momentâneos), levaram a instauração de inquérito policial para o aprofundamento de pesquisas em bancos de dados e diligências de campo”, relata a Polícia Federal em uma das representações enviadas à Justiça Federal na investigação.

A retaliação ao senador teria sido motivada por mudanças nas regras para visitas a detentos – Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos ‘cabeças’ da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.

O PCC montou um relatório detalhado de reconhecimento do local de votação do senador, com descrição de acessos, câmeras, segurança e rotas. A PF acredita que os traficantes tenham cogitado agir no segundo turno da eleição.

O plano, que envolveria ainda atentados contra policiais e agentes penitenciários, foi tornado público nesta quarta-feira, 22, na Operação Sequaz, que prendeu nove pessoas.

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