‘Democracia não exige muro’, diz Lula ao retirar grades do Planalto, enquanto governo aluga 124 km de cercas de proteção

 

Foto: Brenno Carvalho/Infoglobo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a retirada das grades do Palácio do Planalto nesta quarta-feira, depois de cerca de dez anos com a sede do Executivo federal cercada pelo isolamento de segurança. A decisão ocorre uma semana após o governo abrir uma licitação para contratar uma empresa responsável pela instalação de até 62 mil alambrados de proteção, totalizando aproximadamente 124 km de cercas.

Essa é a maior contratação de grades desde 2017, segundo o edital do pregão. O gasto previsto é de até R$ 968 mil. Em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, foram contratados 40 km. Já no ano passado foram 92 km. A abertura do pregão feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo e confirmada pelo GLOBO.

De acordo com a justificativa do edital, a contratação das proteções se devem aos “atuais acontecimentos na política do país e a intensificação da polarização de posicionamento partidário e a previsão de ocorrência de manifestações na área central de Brasília”.

As barreiras devem ser destinadas para a “prevenção à possíveis manifestações populares na área da Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios”, prossegue o texto.

Na tarde desta quarta, Lula desceu a rampa presidencial para ver a mudança. Lá, conversou com jornalistas e cumprimentou apoiadores. Ele afirmou que também mandou remover o equipamento do Palácio da Alvorada, sua residência oficial.

– O Brasil não precisa estar cercado de grades. É deixar livre. A democracia não exige muro, não precisa de muro – afirmou Lula.

O presidente estava ao lado da primeira-dama Janja da Silva e do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. Lula afirmou ainda que vai tirar a “muralha” do Palácio da Alvorada, em referência às barreiras de segurança do local.

– Eu vou tirar aquela muralha da frente da sede do Palácio do Alvorada. Eu vou tirar porque depois a segurança vê como ela cuida para evitar qualquer problema que nunca teve. Eu fui presidente oito anos e nunca teve (problema). As pessoas iam na porta do Alvorada protestar domingo com corneta, nunca me incomodaram. Se eu quisesse cercar o povo de não permitir que faça protesto, não faz sentido a democracia.

E completou:

– Aquilo foi feito no momento em que o PT não governava mais o país. Foi feito na época do Temer então significa que quem faz coisa errada tem medo. E aquilo ficou durante todo o mandato do “coisa”.

As estruturas foram instaladas em junho de 2013 por motivos de segurança depois que cerca de 10.000 manifestantes se concentraram no Congresso Nacional para protestar contra o governo de Dilma Roussef (PT).

Com informações de O Globo e Poder 360

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