Deserto sob concreto. Esta é a situação do Porto de Natal, um dos principais equipamentos atrelados diretamente à economia do Rio Grande do Norte. Um vídeo enviado ao AGORA RN mostra o pátio completamente vazio: não há contêineres nem pessoas trabalhando. A saída da empresa francesa CMA-CGM, uma das maiores do mundo em termos de transporte naval, impacta diretamente na atividade do terminal portuário e também na economia do estado.
As operações da empresa francesa foram encerradas ainda no mês de abril. Mas em dezembro o AGORA RN já antecipava a perda econômica que a saída da gigante de logística causaria ao estado. Na época, a Companhia das Docas do Rio Grande do Norte (Codern) informou que a saída, prevista anteriormente para outubro deste ano, causaria queda equivalente a 13% no faturamento planejado para 2023.
Em entrevista ao AGORA RN, o brigadeiro Carlos Eduardo da Costa Almeida, que foi diretor-presidente da Codern até fevereiro, afirmou que a demanda anual planejada pelo porto de Natal girava em torno de R$ 30 milhões e que a perda com o fato de a CMA-CGM deixar de operar na capital do RN é estimada em 13,3%. “Nós teremos um problema grave, uma perda estimada de R$ 4 milhões por ano de receitas para o porto de Natal. Preocupante, não pelos R$ 4 milhões, mas por conta da mão de obra que trabalha no Porto. Se calcularmos de forma arredondada, 250 operários, dos três sindicatos que operam conosco, mais os dependentes por família, você vai identificar um impacto em 1.500 pessoas. Desconsiderado o comércio local”, afirmou. Procurada, a empresa não comentou até o fechamento desta reportagem.
Saída do Porto de Natal
O principal motivo da saída da CMA-CGM da operação em Natal, foi por ter apresentado proposta à Companhia Docas do Ceará para arrendar uma área correspondente ao dobro da área do terminal da capital potiguar. A aquisição de novos navios que não são capazes de atracar no porto natalense também pesaria, uma vez que os que já atuavam por aqui serão desativados.
Entre as questões que prejudicam a operação está a falta das chamadas defensas na Ponte Newton Navarro. Conforme disse Carlos Eduardo, estas defensas são barreiras que protegeriam as estruturas da ponte em caso de erros em manobras de navios. “O que isso provocaria? Além da segurança, que é prioritária, permitiria que o porto de Natal trabalhasse 24 horas por dia. Hoje o Porto de Natal opera de 7h às 17h. Isso é um impeditivo operacional grave. As empresas vêm para cá e analisam: às 17h eu não posso desatracar porque a ponte não me dá segurança. Isso é dinheiro que eles pagam atracados no porto. A diária é de US$ 30 mil. Na hora de uma empresa decidir se vem ou não para Natal, óbvio que ela coloca na ponta do lápis e decide”, frisou.
Com informações AGORA RN
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