Vídeo de ‘anaconda’ gigante regurgitando cobra vira alvo de pesquisa no Butantan

 

Foto: Reprodução/Marcelo Filho/YouTube

O Instituto Butantan está analisando as imagens de um vídeo impressionante que mostra uma sucuri-verde (Eunectes murinus), de cinco metros, regurgitando outra cobra da mesma espécie.

O registro foi feito pelo pecuarista e pescador esportivo Marcelo Parreira, na represa de uma usina hidrelétrica, no limite entre os municípios de Itarumã e Caçu, no interior de Goiás. A imagem da cobra também conhecida como ‘anaconda’, foi publicada no YouTube.

“Se eu não tivesse filmado diriam que era história de pescador”, conta ele aos risos.

Marcelo Parreira pesca na região a cerca de oito anos e ficou intrigado com o tamanho da sucuri. Ele relata que, ao sair da água, a serpente passou bem perto de seu barco, que mede seis metros de comprimento. “Tinham poucos centímetros de diferença. A sucuri parecia saudável e era muito bonita”, relembra Marcelo.

Nas imagens, é possível observar a anaconda se movendo lentamente logo após se alimentar. De repente, ela abre a boca, revelando a cabeça de outra cobra. “Fiquei sem entender o que estava acontecendo, ela tinha engolido e regurgitado uma cobra que também era muito grande”.

Diante desse comportamento peculiar, os pesquisadores do Instituto Butantan têm formulado hipóteses para explicar o ocorrido. Uma possibilidade é que a escassez de recursos alimentares durante o período de reprodução tenha levado ao canibalismo entre as cobras. “A falta de presas adequadas pode ter feito com que a sucuri se alimentasse por necessidade”, conta Otávio Marques, professor do Instituto Butantan.

Selma Almeida Santos, pesquisadora do Butantan, também menciona a possibilidade de a cobra regurgitada ser um macho, envolvido no processo de cortejo da fêmea.

“Durante o acasalamento, várias sucuris macho se aglomeram ao redor de uma única fêmea, competindo por uma melhor posição. É provável que esse macho solitário estivesse cortejando a fêmea e tenha se tornado uma presa fácil, tendo muita sorte de sobreviver”, destaca.

Além disso, o ato de defesa também pode ser uma explicação possível no mundo da ciência. “A sucuri pode ter se sentido incomodada com as investidas da fêmea e atacou a outra cobra como forma de defesa. Todas essas teorias serão analisadas em detalhes”, explica a pesquisadora.

Os resultados dessa pesquisa pioneira serão divulgados em um estudo científico, com o objetivo de contribuir para o conhecimento e a conservação dessas serpentes.

Curiosidades

A sucuri-verde apresenta cor verde oliva ou marrom, com algumas manchas dorsais e ocelos laterais. Além disso, é a única espécie do gênero que possui quatro listras cefálicas, geralmente marrons, vermelhas ou laranjas.

Muitos acham que conhecem sobre a sucuri. Mas muitos relatos são mitos. Apesar de ser a maior cobra do Brasil e a segunda maior do mundo – atrás apenas de uma piton da África, a maior sucuri-verde (Eunectes murinus) já registrada cientificamente tinha cerca de oito metros.

“Ela não possui veneno, não é capaz de comer bois e vacas e muito menos pessoas. Além disso, não quebra os ossos das presas para se alimentar: a estratégia de caça por constrição na verdade resulta na morte por asfixia, pois ela impede o pulmão da presa de expandir, por tanto, morre com falta de ar”, disse. As sucuris são da mesma família das jiboias e das cobras-papagaio, que também usam a estratégia de constrição para caçar, afirma o herpetólogo Willianilson Pessoa.

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