Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Já nos primeiros minutos quando levantou voo, no aeroporto da Cidade do México, o avião presidencial que transportava Lula, Janja, ministros e senadores, apresentou os primeiros sinais de que algo não estava bem. Era possível sentir pelo piso da aeronave as trepidações ao subir e os passageiros que estavam na parte trás perceberam uma fumaça saindo de uma das turbinas.
Antes mesmo que pudesse desatar os cintos de segurança, Lula saltou da poltrona. Correu na frente da aeronave para checar o que estava ocorrendo. Ao saber do problema, mandou voltar ao aeroporto. Mas os pilotos diziam que a aeronave “estava lotada de combustível” e que teria de gastá-lo porque não poderia posar com todo aquele peso.
Em meio aos primeiros momentos de tensão, veio a sugestão de voar até o Panamá para “gastar” o combustível. Isso porque esse avião não permitia alijar o combustível, que é quando se desfaz de parte dele no ar. Mas o conselho de Janja era para ficassem por ali, em área segura, próximos à pista do Aeroporto Internacional Felipe Ángeles. E assim foi feito. E deram 50 voltas.
Os repórteres que estavam acompanhando o avião, perceberam que a aeronave girava em círculos. Lula pediu que que ninguém falasse com a imprensa naquele momento. As informações lá em cima ainda eram imprecisas. Os pilotos batiam cabeça, sugeriam coisas diferentes. Aquela situação foi deixando Lula irritado. Ao pegar o telefone presidencial, Lula explodiu. O aparelho não funcionava:
— Até o telefone do Sucatinha (avião presidencial antigo de Lula) funcionava.
Um Lula indignado xingou várias vezes os palavrões de costume. Ele afirmava que aquela era a quarta vez que aquele mesmo avião apresentava algum problema. Estava incrédulo que aquela mesma aeronave havia acabado de voltar da manutenção, onde teria passado por 90 dias. A mesma aeronave que o “prendeu no ar”, nas palavras dele, o deixou “ilhado” por cinco horas na Cidade do México.
Mesmo em meio ao clima tenso, a fome apertou e o almoço foi servido. Surgiram brincadeiras para tentar distensionar. Lula perguntou sobre os suplentes das senadores presentes. Estavam no avião: Ana Lobato, Soraya Thronicke e Teresa Leitão. Também estavam os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Cida Gonçalves (Mulheres).
Mas logo os pilotos voltaram a deixar a tensão no ar ao informarem que, mesmo tendo voado duas horas, precisariam de outras duas para gastar mais 7 mil litros de combustível. Ali, diante daquela situação, Lula tomou uma decisão em que precisará do Congresso: quer comprar novos aviões. Ele demonstrou indignação ao ficar “ilhado” no ar, pela internet intermitente e falta de telefone.
Um Lula irritado questionou a ausência “de um ckecklist” antes do voo para ver o que funcionava no avião. A TV não ligava para que pudessem assistir a um filme no momento e aliviar o estresse. A internet oscilava e Lula dizia: — Qualquer avião mequetrefe fala (ao telefone), não tenho um satélite nessa po**a, a TV não funciona. A gente não pode passar por isso.
O avião pousou em Brasília às 10h12 desta quarta-feira, após quase 17 horas desde a primeira decolagem do Aeroporto Felipe Ángeles, bem mais que as 10 horas previstas em um voo executivo como esse. A FAB só informou que a aeronave enfrentou “um problema técnico”, sem detalhar.
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